quinta-feira, 31 de março de 2011

O culto da morte e a metempsicose

Um dos traços essenciais desse grande povo foi a preocupação insistente e constante da Morte. A sua vida era apenas um esforço para bem morrer. Seus papiros e afrescos estão cheios dos consoladores mistérios do além-túmulo.
Era natural. O grande povo dos faraós guardava a reminiscência do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doía semelhante humilhação, que, na lembrança do pretérito, criou a teoria da metempsicose, acreditando que a alma de um homem podia regressar ao corpo de um irracional, por determinação punitiva dos deuses. A metempsicose era o fruto da sua amarga impressão, a respeito do exílio penoso que lhe fora infligido no ambiente terrestre. Inventou-se, desse modo, uma série de rituais e cerimônias para solenizar o regresso dos seus irmãos à pátria espiritual. Os mistérios de Ísis e Osíris mais não eram que símbolos das forças espirituais que presidem aos fenômenos da morte.

Um comentário:

  1. Metempsicose. Do grego metempsychosis. Termo de origem grega significando literalmente "passagem da alma de um corpo para outro". Doutrina religiosa oriental, encontrada sobretudo no hinduísmo e no budismo, que sustenta o princípio da transmigração da alma, segundo a qual esta poderia passar por várias encarnações, não só em corpos humanos, mas até mesmo em animais e vegetais. Só a purificação da alma poderá libertá-la desse ciclo, fazendo com que volte ao Nirvana, ou ao Todo. Essa doutrina foi aparentemente introduzida ao pensamento grego por Pitágoras, e encontra-se uma versão dela em Platão (República, X) (1)

    Embora empregada no mesmo sentido da reencarnação, tem um significado diferente, pois supõe ser possível a transmigração das almas, após a morte, de um corpo para outro, sem ser obrigatoriamente dentro da mesma espécie. Ou seja, a alma que atingiu a fase humana poderia reencarnar (v.reencarnação) em um animal. Plotino (205-270 a. C.) sugeriu que se substituísse por metensomatose, uma vez que haveria na realidade, mudança de corpo (soma) e não de alma (psykhe). (2)

    (1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
    (2) ANDRADE, H. G. Espírito, Perispírito e Alma: Ensaio sobre o Modelo Organizador Biológico. São Paulo, Pensamento, 1984, p. 194 e 195.

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