segunda-feira, 23 de julho de 2012

Influências decisivas

Desnecessária será a autópsia da História nos seus pontos mais divulgados e conhecidos, quando o nosso único propósito é esclarecer o entendimento do leitor, quanto à direção do planeta, que se conserva, de fato, no mundo espiritual, de onde o Cristo vela incessantemente pelo orbe e pelos seus destinos. Todavia, para fundamentar nossa asserção acerca das influências etruscas nos primórdios de Roma, somos levados a recordar a figura de Tarquínio Prisco, filho da Etrúria, que trouxe à cidade grandes reformas e inúmeras inovações em todos os departamentos da sua consolidação e do seu progresso, lembrando, entre as suas muitas renovações, a construção da Cloaca Máxima e do Capitólio. Seu sucessor, Sérvio Túlio, era igualmente da sua família. Este, dividiu todo o povo da cidade em classes e centúrias, segundo as possibilidades financeiras de cada um, desgostando os patrícios, a esse tempo já organizados, em virtude de essa reforma apresentar-se dentro de características liberais, não obstante as suas finalidades militares. Onde, porém, mais se evidenciam as influências etruscas, nas organizações romanas, é justamente na alma popular, devotada aos gênios, aos deuses e às superstições de toda espécie, que seriam multiplicadas em seus contactos com a Grécia. Cada família, como cada lar, possuía o seu gênio invisível e amigo, e, na sociedade, alastravam-se as comunidades religiosas, culminando no Colégio dos Pontífices, cuja fundação remonta ao passado longínquo da cidade. Esse Colégio foi depois substituído pelo Pontífice Máximo, chefe supremo das correntes religiosas, do qual os bispos romanos iam extrair, mais tarde, o Vaticano e o Papado dos tempos modernos. Os romanos, ao contrário dos atenienses, não procuravam muitas indagações transcendentes em matéria religiosa ou filosófica, atendendo somente aos problemas do culto externo, sem muitas argumentações com a lógica, e foi por isso que, com a evolução da cidade, o Panteão, seu templo mais aristocrático, chegou a possuir mais de trinta mil deuses.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Primórdios de Roma

Defendida naturalmente pelo adensamento constante de população, a cidade mergulhou as suas origens numa corrente profunda de histórias interessantes e maravilhosas, onde as figuras de Enéias, de Réia Sílvia, de Rômulo e Remo assumiram papel saliente e singularíssimo. A verdade, porém, é que os etruscos, em grande maioria, edificaram as primeiras organizações da cidade, fundando escolas de trabalho, transportando para aí as experiências mais valiosas dos outros povos, criando uma nova terra com o seu esforço enérgico e decidido. Lá encontraram eles as tribos latinas Ramnenses, Titienses e Lúceres, congregadas para a edificação comum, das quais assumiram a direção por largos anos, construindo os alicerces das realizações futuras. Quando Rômulo chegou, seus olhos já contemplaram uma cidade próspera e trabalhadora, onde fez valer a sua enérgica inteligência, mas não faltou à posteridade o gosto de tecer-lhe uma coroa lendária e fantasiosa, chegando-se a afirmar que a sua figura fora arrebatada no carro dos deuses, com destino ao Céu.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

XI - Roma

O povo etrusco
Reconhecendo as dedicações ao trabalho, por parte de todos os Espíritos que se haviam localizado na Itália primitiva, então dividida em duas partes importantes, que eram a Gália Cisalpina e a Magna Grécia, ao norte e ao sul da península, os prepostos e auxiliares de Jesus projetam a fundação de Roma, que se ergueu rapidamente, coroada de lendas numerosas, para desempenhar tão grande papel na evolução do Mundo. A esse tempo, o Vale do Pó era habitado pelos etruscos, que se viam humilhados pelas constantes invasões dos gauleses. De todos os elementos que formaram os ascendentes da Itália moderna, eram eles dos mais esforçados, operosos e inteligentes. Nas regiões da Toscana, possuíam largas indústrias de metais, marinha notável, destacado progresso no amanho da terra e, sobretudo, sentimentos evolvidos que os faziam diferentes das coletividades mais próximas. Acreditavam na sobrevivência e ofereciam sacrifícios às almas dos mortos, venerando os deuses cujas disposições, em cada dia, presumiam conhecer através dos fenômenos comuns da Natureza. Atormentados e desgostosos em face das lutas reiteradas com os gauleses, os etruscos decidiram tentar vida nova e, guiados indiretamente pelos mensageiros do Invisível, grande parte resolveu fixar-se na Roma do porvir, que, então, nada mais era que um agrupamento de cabanas humildes e desprotegidas.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Provação coletiva da Grécia

A condenação de Sócrates foi uma dessas causas transcendentes de dolorosas e amargas provações coletivas, para todos os espíritos que participaram dela, na medida justa das responsabilidades pessoais entre si. E é em razão disso que, mais tarde, vemos o povo nobre e culto de Atenas fornecendo escravos valorosos e sábios aos espíritos agressivos e enérgicos de Roma. Eles iam nas galeras suntuosas, humilhados e oprimidos, sem embargo das suas elevadas noções da vida, do amor, da liberdade e da justiça. É verdade que iam instaurar um novo período de progresso espiritual para as coletividades romanas, com os seus luminosos ensinamentos, mas o processo evolutivo poderia ladear outros caminhos, longe do morticínio e da escravidão. Todavia, sobre a fronte de muitos gregos ilustres, pairava o sanguinolento labéu daquela injusta condenação, labéu ignominioso que a Grécia deveria lavar com as lágrimas dolorosas da compunção e do cativeiro.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Os discípulos


O grande filósofo que ensinara à Grécia as mais belas virtudes, como precursor dos princípios cristãos, deixou vários discípulos, dos quais se destacaram Antístenes, Xenofonte e Platão. Falaremos, apenas, deste último, para esclarecer que nenhum deles soube assimilar perfeitamente a estrutura moral do mestre inesquecível. A História louva os discursos de Platão, mas nem sempre compreendeu que ele misturou a filosofia pura do mestre com a ganga das paixões terrestres, enveredando algumas vezes por complicados caminhos políticos. Não soube, como também muitos dos seus companheiros, conservar-se ao nível de alta superioridade espiritual, chegando mesmo a justificar o direito tirânico dos senhores sobre os escravos, sem uma visão ampla da fraternidade humana e da família universal. Contudo, não deixou de cultivar alguns dos princípios cristãos legados pelo grande mentor, antecipando-se ao apostolado do Evangelho, antes de entregar a sua tarefa doutrinária a Aristóteles, que ia também trabalhar pelo advento do Cristianismo.